28.5.07

a vontade é saber que não há mal algum em purificar o silêncio com o próprio silêncio. o rasgo quente que o mel faz por dentro, com sua película protetora de bondade não o impede de ser doce e ser doce não protege seu corpo inerme dos insetos. atrai.

22.5.07

só as palavras são mentirosas, nós não temos culpa alguma se elas saem da nossa boca. atos. atos são mentirosos, nós não temos culpa alguma se nossos pés saem por ai, descobrindo caminhos. se meus braços te abraçam, se minha boca pronuncia um beijo. eu não tenho culpa alguma desse gosto do meu gosto, que fala pelas narinas e respira pelo coração. e eu não tenho voz nenhuma quando meu estômago pensa que o cérebro tem razão, ou que quem mente sou eu, o tempo todo.

14.5.07

supõe-se que cada ato nos eleva, esvaziando-nos,
isso faz do estado de solidão uma constante.
o que proporciona a queda é o próprio desejo do vazio,
defender-se de um desejo criado pra defender-se.

o caminho é contrário.

9.5.07

discurso (in)direto

de que te adianta ser inteligente e sacado, se sua chatice e inconveniência são sempre maiores?

* * *


(..) seu canto era tão natural que nunca se preocuparam em provar que sabiam cantar (..)¹



¹mundo livre s/a - muito obrigado

4.5.07

voando por cima das auréolas e dos raios.
tudo quieto nos canais do agora.

2.5.07

salve marcos! salve! salve!¹

o que te faz perder o tesão nas coisas e o ódio gratuito entram juntos nos jogos. a diferença é que às vezes o tesão se transforma em ódio real e a presença de qualquer grão de areia que se infiltrasse no corpo moribundo do adversário o faria implodir e sugar junto dele todo o resto ao redor. seu suor e sua bílis na mesma febre inconstante, volúvel e prestes a ser modulada com asco. a pútrida fidelidade do seu corpo contra tudo isso também fede. sua enorme casca de indiferença. que se perca. que não volte. que não perdoe. vai assim, se acabando por si só.


¹mundo livre s/a - desafiando roma

1.5.07

ao llanero

em forma de neon
ultrapasso o sentido das cores
distanciando dos teus olhos
as minúcias indecifráveis de um momento
vejo com gosto minha própria distância
e comemoro com fugaz melancolia
que vai, que volta, que fica.

em mim você é só um livro
impossível de ir ao fim.