24.7.07

I
na velocidade da luz
parada, e presa
dentro da casa.


II
joguei fora a neve velha
e o pinheiro de plástico.
esse ano não vai ter natal.

a neve não cabia mais na geladeira.
o pinheiro não era meu,
e dava saudades.
fiquei só com o feriado.

quando a tv anunciar monto o presépio,
compro outra arvore, ou talvez, melhor,
ganho uma, de um desses feriados
que sempre voltam.

17.7.07

(..) não há esperança para aqueles que vivem na mentira. não existe espetáculo mais vil do que um povo embriagado em sua própria inércia, como o doente desenganado que se deleita com suas chagas. por outro lado, a história nos ensina que o esforço da redenção da pátria não se inicia sem uma revisão radical dos valores dúbios. o pior otimismo é o que confia no tempo sem por uma semente no sulco, sem contar com o grão capaz de germinação e cultivo. nada pode derivar-se do nada. a civilização não é fruto do milagre, mas de gênio. toda sociedade que esmaga sua classe culta e se deixa guiar pela inconsciência, pela desonestidade, é uma sociedade condenada.¹ (..)

¹josé vasconcelos, mexicano, autor do livro breve história do méxico