19.2.10

embrutecido estomago,

viscera primata.

15.2.10

as formas das formas

o mar que eu nado as vezes parece uma pista de gelo, as pessoas vêm com seus patins e dançam sobre a camada superficial da verdade.

se o inverno simplesmeente não existisse, as pessoas seriam mais realizadas? porque se ele nos desse mais que essa simples máscara fria também não seria o que teriamos pedido no intimo do banheiro mal iluminado, nunca é, pois ele tem suas vaidades.

mas um dia, quando olharmos para trás, poderiamos quem sabe, ver que foi dada uma forma de realizarmos os pedidos, mas a vontade cega de quem quer não nos fez outra coisa se não nos turvar das idéias focadas e dos principios de quem inicia a batalha com toda a força experiente de sua alma.

a vontade vem para nos tirar do caminho, atrapalhar nosso inverno e nossa verdade.

mas se a vontade é o que nos difere do outro, o que nos faz ser o que somos? e quem somos afinal?

ou eu sou a vontade, ou a vontade sou eu.

8.2.10

sobre a hostilidade

sufocar um domingo é cruel
mas não há ninguém que também não o seja
sufocante e mau
domingos não são as pessoas que odiamos
são as pessoas que queremos pra nós todos os dias

2.2.10

esteves não me viu

apodrecendo sobre minhas palpebras estão meus dedos, intocáveis da fidelidade própria de ser alguém.

com as minhas janelas, com meus quartos e meus capachos surrados a próprio punho indagando a este lado da rua as carruagens as ervas e as árvores.

talvez, e que realmente se faça o talvez como realidade de coisa própria, coisa que exista, e não que quase-seja ou quase-não-seja.

ele nunca me conheceu ou acenou-me um adeus, deixando o ideal e a esperança prostrados e inconcebíveis.