29.3.13

IV

 Elas me deixaram na esquina de casa bem cedinho e já tinha amanhecido. Naquele momento eu entendi que tinha duas opções, a primeira seria não dormir e ir trabalhar daquele jeito mesmo; já a segunda, seria dormir e pagar para ver se eu acordaria. Eu tinha menos de três horas e escolhi a primeira.


 Então eu tinha um certo tempo e uma noite inteira para lembrar e recapitular. Sem dormir. O passo-a-passo ia e vinha na minha cabeça, desde como eu fui até o bar atravessando a cidade como uma andarilha solitária no meio da noite e a falta de dinheiro que poderia me deixar fora da festa se eu chegasse depois da hora do perdão. Seus amigos indo em uma outra festa da cidade naquela noite. E o constrangimento que pode acabar com qualquer primeiro encontro........ Todas essas coisas juntas fazendo o meu próprio sentido, conforme minha própria imaginação.  Que não era só imaginação. Acho que eu estava certa, afinal.


 Os minutos passavam deliberadamente, mas o tempo não, e eu ali presa entre as lembranças da noite, o sono e o dia inteiro de trabalho que estava por vir. Deveria ser proibido trabalhar aos sábados.